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Fiscalização do PIX: como vai funcionar e quais cuidados é preciso ter

A fiscalização do PIX ganhou um novo capítulo recentemente, após a Receita Federal anunciar medidas mais rigorosas para monitorar e registrar as operações financeiras realizadas por pessoas físicas e jurídicas. 

Desde que o PIX foi lançado, em novembro de 2020, como um sistema de pagamentos e transferências instantâneas, o volume de transações realizadas por meio dessa modalidade cresceu vertiginosamente. 

Se antes as transações bancárias tradicionais (DOC, TED) exigiam prazos e custos, o PIX veio para simplificar, oferecendo rapidez, praticidade e tarifas menores ou inexistentes.

Contudo, diante de tamanha popularização e da facilidade de uso, surgiram preocupações acerca de possíveis práticas de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação de impostos. 

Para enfrentar esses riscos, a Receita Federal decidiu intensificar a fiscalização do PIX, implementando, através da Instrução Normativa 2219/2024 novas regras que visam monitorar de perto as operações realizadas, especialmente aquelas que ultrapassem determinados limites de valor.

Neste artigo, você vai entender em detalhes como funciona essa fiscalização do PIX promovida pela Receita Federal, o que mudou com as novas normas, quais limites foram estabelecidos para pessoas físicas e jurídicas, e como você pode se adaptar para evitar problemas com o Fisco.

Além disso, falaremos sobre a importância de manter a regularidade fiscal e como um contador pode ajudar no planejamento e na adequação das suas operações diante dessa maior vigilância.

Por que a Receita Federal decidiu intensificar a fiscalização do PIX?

Desde que o PIX foi adotado como meio de pagamento, uma das maiores preocupações das autoridades fiscais tem sido o controle das movimentações financeiras que, pela velocidade das transações, podem escapar ao monitoramento convencional. 

Operando 24 horas por dia, 7 dias por semana, o PIX passou a ser o meio de pagamento preferencial de grande parte da população.

Se, por um lado, essa adoção em massa trouxe benefícios inegáveis como agilidade, conveniência e redução de custos, por outro lado ela também abriu espaço para a possibilidade de transações fora do radar tradicional, usadas com fins ilícitos. 

Práticas como sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas poderiam encontrar no PIX uma forma mais célere de ocorrer, sem tanto escrutínio.

Ciente desse cenário, a Receita Federal sentiu a necessidade de reforçar o controle sobre esses fluxos de recursos. Assim, a fiscalização do PIX passou a exigir que instituições financeiras, operadoras de cartão e fintechs compartilhem informações sobre transações acima de certos valores.

O objetivo é criar um mecanismo de cruzamento de dados que permita identificar possíveis inconsistências entre o que é declarado ao fisco e o que, de fato, transita nas contas dos contribuintes.

O que mudou com as novas normas de fiscalização do PIX?

A principal mudança trazida pela intensificação da fiscalização do PIX é a ampliação das entidades obrigadas a reportar informações sobre transações financeiras para a Receita Federal. 

Se antes as obrigações de informação eram concentradas em bancos tradicionais e cooperativas de crédito, agora instituições de pagamento em geral, incluindo bancos digitais e plataformas de pagamento, também devem obedecer aos limites fixados pelo Fisco.

Limites para pessoas físicas e pessoas jurídicas:

  • Pessoas físicas: A soma de transações iguais ou superiores a R$ 5 mil mensais realizadas via PIX devem ser reportadas.

 

  • Pessoas Jurídicas: A soma de transações iguais ou superiores a R$ 15 mil mensais realizadas via PIX devem ser reportadas.

Não há proibição de efetuar transações acima desses valores, mas os dados dessas movimentações deverão ser obrigatoriamente informados à Receita Federal dentro de prazos estabelecidos.

Prazo de envio de dados:

As instituições financeiras e de pagamento que operam o PIX deverão enviar os relatórios de transações acima dos limites até:

  • O último dia útil de agosto, referente aos dados do primeiro semestre do ano corrente.
  • O último dia útil de fevereiro do ano seguinte, referente aos dados do segundo semestre do ano anterior.

Essa periodicidade semestral faz parte do padrão de prestação de informações ao Fisco, que cruza essas movimentações com as declarações de imposto de renda e outros mecanismos de controle.

Ampla abrangência de instituições:

Além dos bancos tradicionais, a intensificação da fiscalização do PIX abrange também fintechs, emissores de cartões de crédito e plataformas de pagamento. 

Dessa forma, praticamente todo o ecossistema de pagamentos fica coberto pelas novas regras, dificultando que movimentações financeiras fiquem “invisíveis” ao olhar da Receita.

Como a Receita Federal vai utilizar essas informações?

De posse dos relatórios fornecidos pelas instituições de pagamento, a Receita Federal pode realizar diferentes tipos de cruzamentos de dados, aumentando a eficiência do seu trabalho de auditoria e fiscalização.

Comparação com declarações de IRPF

Se uma pessoa física movimenta valores elevados via PIX (por exemplo, R$ 50 mil mensais), mas em sua Declaração de Imposto de Renda consta um rendimento muito inferior a esse montante, há um forte indício de omissão de receita.

Esse tipo de inconsistência pode levar à Malha Fina, e o contribuinte será intimado a apresentar justificativas ou correções.

Verificação do carnê-leão para autônomos

Profissionais autônomos ou liberais que recebem pagamentos de clientes via PIX precisam declarar esses valores mensalmente no Carnê-Leão. 

Caso os extratos de PIX não batam com o montante declarado, a Receita pode suspeitar de sonegação de impostos ou subnotificação de rendas.

Identificação de padrões suspeitos

Movimentações recorrentes em horários incomuns, depósitos sucessivos de valores fracionados para evitar a atenção do fisco, ou transferências entre contas de diferentes titulares podem acionar alertas de possíveis fraudes ou esquemas de lavagem de dinheiro. 

Com avançadas tecnologias de Big Data e algoritmos, a Receita Federal pode identificar padrões suspeitos e iniciar investigações específicas.

Impactos da fiscalização do PIX para pessoas físicas

A fiscalização do PIX com limites de R$ 5 mil mensais traz impactos diretos para as pessoas físicas que movimentam quantias elevadas no sistema. 

Conheça os principais pontos de atenção:

Atenção ao Limite de R$ 5 mil: Se você ultrapassa esse valor, suas transações serão comunicadas ao Fisco. 

Não há problema em realizar transações acima disso, mas é preciso que o que você recebe ou transfere esteja de acordo com os rendimentos declarados.

Coerência na declaração: Tudo o que cair em sua conta via PIX deve ter uma origem demonstrável — por exemplo, salários, honorários, aluguéis, lucros e dividendos, entre outros. Caso contrário, pode haver suspeita de omissão de receita.

Controle de pagamentos se você é autônomo: Profissionais que não possuem carteira assinada (por exemplo, consultores, coaches, designers, advogados) e dependem de recebimentos via PIX precisam registrar esses ganhos no Carnê-Leão mensalmente.

Conciliação com cartões de crédito/débito: Se você também recebe ou gasta valores em cartões, a Receita pode cruzar as informações de todas as suas transações financeiras, tornando incongruências facilmente perceptíveis.

Impactos da fiscalização do PIX para empresas

Para as pessoas jurídicas, a fiscalização do PIX se intensifica a partir de R$ 15 mil em transações mensais. 

Na prática, isso exige que as empresas mantenham um controle financeiro rigoroso, a fim de evitar discrepâncias entre o que é declarado e o que, efetivamente, entra e sai das contas.

Faturamento declarado vs. extrato bancário: A Receita Federal realizará análises para identificar se o faturamento total indicado em suas obrigações fiscais é coerente com as movimentações via PIX e outros meios de pagamento. 

Se houver alguma diferença injustificada, pode haver autuação por omissão de receitas.

Gestão de fluxo de caixa: Como o PIX é rápido e bastante utilizado pelos consumidores, é provável que boa parte das vendas de uma empresa seja creditada instantaneamente em sua conta. 

Uma planilha ou software de gestão que categorize cada entrada e concilie com as notas fiscais emitidas é fundamental para demonstrar a legitimidade das transações em eventual auditoria.

Transparência e justificativas de operações: Em algumas situações, pode ocorrer a entrada de valores que não correspondem à venda de produtos ou serviços tributáveis (exemplo: empréstimos, devolução de capital, aporte de sócios). 

Se isso não estiver devidamente justificado e documentado, a Receita pode interpretar como renda não declarada.

Riscos de não adequar-se às novas regras

A intensificação da fiscalização do PIX amplia a possibilidade da Receita Federal detectar omissões e inconsistências nas declarações. Os riscos mais comuns incluem:

  • Malha fina e notificações: O contribuinte pode receber intimações para explicar origens de valores não compatíveis com sua declaração.
  • Multas por omissão de receita: Normalmente, a multa pode chegar a 75% do imposto devido, elevando-se a 150% em casos de fraude comprovada.
  • Eventual criminalização: Se ficar configurada a intenção de fraudar o Fisco, a ação pode ser enquadrada como crime contra a ordem tributária.
  • Restrições de crédito: Contribuintes e empresas com pendências fiscais podem sofrer limitações ao solicitar financiamentos e empréstimos.

Sendo assim, é muito importante que pessoas físicas e jurídicas tenham um controle rigoroso sobre seus rendimentos e declarem os valores recebidos, justificando para o fisco a origem dos recursos, bem como, recolhendo os impostos devidos.

Boas práticas para evitar problemas com a fiscalização do PIX

Diante desse cenário de maior vigilância, algumas boas práticas podem ajudar pessoas físicas e empresas a evitarem problemas com o fisco:

Registre todas as entradas e saídas: Independentemente do valor, mantenha um histórico claro das transações, possibilitando a comprovação das origens e dos destinos do dinheiro.

Emita notas fiscais: A emissão de notas fiscais e a vinculação delas aos pagamentos recebidos via PIX é a melhor forma de atestar que a transação tem lastro comercial e está sujeita ao devido recolhimento tributário.

Use ferramentas de controle financeiro: Softwares e ERPs (Enterprise Resource Planning) ajudam a conciliar as movimentações bancárias, gerar relatórios e cruzar dados, reduzindo o risco de erro humano.

Faça a declaração de Imposto de Renda corretamente: Não deixe de declarar rendas extras, ainda que sejam esporádicas. Mantenha a consistência entre o fluxo de caixa e o que consta nas declarações anuais.

Busque orientação contábil: Um profissional ou escritório de contabilidade pode auxiliar a categorizar corretamente cada operação, apontar deduções fiscais e preparar defesas ou justificativas em caso de questionamento pelo Fisco.

A importância da regularidade fiscal e do apoio contábil

A fiscalização do PIX pela Receita Federal exige que tanto pessoas físicas quanto jurídicas redobrem a atenção no registro e na declaração de rendas. 

Nesse contexto, manter-se em dia com as obrigações fiscais não apenas evita multas e sanções, mas também reforça a credibilidade e a reputação do contribuinte ou do negócio perante bancos, clientes e parceiros comerciais.

Planejamento tributário: Um contador especializado pode ajudar a estruturar suas atividades de forma eficiente, escolhendo o melhor regime de tributação e orientando quanto à emissão de notas fiscais ou ao registro de receitas.

Análise de riscos: Com experiência na área, o profissional contábil pode indicar vulnerabilidades nos procedimentos internos que poderiam levar a inconsistências na declaração.

Conciliação bancária: O suporte contábil dá mais segurança no alinhamento das informações entre a conta bancária e as obrigações fiscais, reduzindo a margem de erro.

Conclusão: prepare-se para a fiscalização do PIX

A intensificação da fiscalização do PIX promovida pela Receita Federal é uma realidade que afeta diretamente a forma como pessoas físicas e empresas movimentam suas contas. 

Ao estabelecer limites de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas, o Fisco criou uma malha de controle mais fina, capaz de identificar omissões de renda, sonegação e outros delitos fiscais.

Para não cair em malha fina e ter tranquilidade no dia a dia, é fundamental ajustar seus processos de registro de transações, conciliação bancária e declaração de rendimentos. 

Manter a coerência entre os valores que entram e saem das suas contas e o que consta em suas obrigações fiscais se tornou ainda mais importante.

Se você deseja garantir que sua empresa ou sua atividade profissional e os seus negócios estejam em conformidade com a fiscalização do PIX e outras obrigações fiscais, a Contabiliza+ Contabilidade pode ajudar! 

Nossa equipe de contadores especializados entende a complexidade das mudanças implementadas pela Receita Federal e está pronta para orientar você em todas as etapas, desde a organização financeira até o planejamento tributário.

Entre em contato conosco e descubra como podemos auxiliar no aperfeiçoamento da sua gestão contábil, garantindo segurança e tranquilidade mesmo neste cenário de maior rigor na fiscalização do PIX!

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